Pousada Pôr do Sol – Ilha do Mel

Do nosso blog

Principais Pontos Turísticos – Ilha do Mel

O Blog Nativos do Mundo produziu um artigo completíssimo sobre as impressões um visitante tem, desde o momento da travessia de ida para a Ilha do Mel, até seu retorno. Descreve e expõe os principais pontos turísticos da Ilha (desde Nova Brasília, passando pela Fortaleza, o Farol, a trilha do Morro do Sabão, a Gruta de Encantadas). Confira:

“A doce Ilha do Mel”

Ilha do Mel no Paraná.

A Ilha do Mel é um dos destinos mais procurados do Paraná (talvez, perca apenas pra Foz de Iguaçu em número de turistas). O lugar é quase um quintal para os curitibanos, que lotam as suas praias nos finais de semana. Mas não são só os paranaenses que frequentam a ilha. Gringos de todas as partes do mundo vem pra cá e se apaixonam pela rusticidade e simplicidade da região, que é uma área de preservação ambiental e ainda guarda muito de sua natureza ainda intocada.

A Ilha apresenta um perímetro de 35km e tem o formato de uma baleia, onde o que seria o tronco do animal é chamado de istmo, uma pequena faixa de terra, onde facilmente vemos praia dos dois lados. Próximo dali fica uma das comunidades da ilha, a Nova Brasilia. A cabeça da baleia seria a maior parte da ilha, uma gigantesca área de preservação ambiental, onde não há acesso fácil e poucos turistas chegam. Nessa região, o ponto mais turístico é a Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres. O outro extremo da ilha, que seria a cauda da baleia, é chamada de Encantadas, devido a formação de uma gruta com várias histórias de locais, que a consideram mágica.
Com pouco mais de mil habitantes, a ilha concentra suas comunidades em cinco locais principais: Fortaleza, Nova Brasília, Farol, Praia Grande e Encantadas. A principal estrutura turística encontra-se em Nova Brasília e em Encantadas, mas também há pousadas (e até um resort, onde muitos curitibanos organizam suas festas de casamento) na Fortaleza e na Praia Grande.
Caminhar pelas trilhas de areia e andar imerso na natureza tornam esse lugar um paraíso pra quem quer se esconder da correria das grandes cidades.

A travessia para a Ilha do Mel

Eu passei a semana em Curitiba, num congresso e o Thiago foi encontrar comigo lá para passarmos juntos o fim de semana. Fui buscá-lo no aeroporto e seguimos direto pro litoral, pois queríamos aproveitar o máximo possível da região. O tempo não estava dos melhores e em vários pontos da estrada, pegamos uma garoa chata e um céu cinza, mas seguimos esperançosos de que na praia o clima estaria melhor. Não estávamos de todo errado.

Nossa primeira parada foi em Morretes, tradicional cidade paranaense, que serve o tradicional barreado. Falarei sobre essa charmosa cidade (e também sobre a pequena Antonina, que conhecemos na volta da ilha) em outro post.

Logo após o almoço, chegamos em Pontal do Sul, local onde embarcamos nas balsas que fazem a travessia para a ilha, em apenas trinta minutos. É possível fazer a travessia pela cidade de Paranaguá (que, aliás, é o município o qual a Ilha do Mel pertence), mas por lá a travessia é mais longa, podendo durar mais de duas horas. A maioria das pessoas opta por ir até Pontal do Sul para chegar na ilha, afinal fica a apenas uma hora e meia de Curitiba.

Estacionamos o carro em um dos inúmeros estacionamentos próximos ao trapiche e conseguimos embarcar na balsa das 14h, após uma pequena correria para conseguirmos chegar a tempo. As balsas partem de hora em hora na sexta e se perdêssemos aquela, teríamos que esperar uma hora até a próxima.
Bem instalados dentro da balsa, já deu pra sentir o que nos esperaria: um grupo levava mantimentos pra um casamento que aconteceria no dia seguinte, no tal resort dos casórios, crianças brincavam, casais namoravam. Eu que achei que seríamos os únicos na ilha naquele fim de semana cinzento estava enganada: mesmo com tempo fechado, o lugar enche. Ainda bem que existe um limite diário de pessoas que podem entrar na ilha: cinco mil por dia (além dos moradores).

Travessia de balsa para a Ilha do Mel, no litoral do Paraná.
Travessia para Ilha do Mel

Ilha do Mel: Comunidade de Nova Brasília

A viagem foi relativamente tranquila, pois o mau tempo fez o barco balançar mais do que gostaríamos, mas nada que impedisse que aproveitássemos o visual deslumbrante da mar paranaense.
Chegamos no trapiche de Nova Brasília e logo me encantei: as estreitas ruas são todas de areia e com muitas árvores entre as casas. É como se a comunidade fosse dentro de uma floresta. Um encanto. Sem falar nas crianças que brincavam tranquilamente e com toda liberdade por todos os lugares, vivendo uma infância que já não existe mais em outros lugares.

A vila de Nova Brasília na Ilha do Mel no Paraná.
“Rua” de Nova Brasília
Nova Brasília na Ilha do Mel no Paraná.
Crianças brincando pelas ruas

Chegamos na nossa pousada e fomos muito bem recebidos pela Chris, que nos alojou num quarto simples (a pousada não era das melhores) e nos deixou bem à vontade. Não resistimos e resolvemos tirar um cochilo para recarregar as baterias, desgastadas pelos dias de trabalho e pela longa viagem até aqui. Foram algumas horinhas preciosas e merecidas.
Acordamos e fomos aproveitar o restinho de Sol que ainda tinha por trás das nuvens cinzas. Fomos nos embrenhando nas ruelas de areia e logo chegamos à praia. Sem nem fazer muito esforço na caminhada.
Um grupo de meninos jogava futebol na areia e nós passamos por eles, atrapalhando um pouco as jogadas e chegamos até o mar. Um pescador organizava seu material (provavelmente, já pensando na pesca da manhã seguinte) e pedimos algumas dicas à ele sobre a maré naqueles próximos dias, pois havíamos lido que ela interfere em algumas trilhas pela ilha. Ele nos tranquilizou, dizendo que estávamos em lua quarto-crescente e que, por isso, a maré estava baixa. Não seria ela que atrapalharia nossos passeios, ainda bem.

Nativo da Ilha do Mel no Paraná.
Pescador
Praia de Nova Brasília, na Ilha do Mel no Paraná.
Praia de Nova Brasília
Ilha do Mel no Paraná.
O famoso Farol das Conchas, ao fundo

A fome já começava a bater e voltamos para o centrinho já procurando algum restaurante. Achamos um lugar bem simples que vendia lanches e espetinhos e ficamos por lá. Conversamos bastante com o dono, que nos contou um pouco sobre as belezas do litoral do Paraná (que apesar de pouco extenso, tem muitas baías e ilhas, o que faz com que tenha muitos quilômetros de praias). Descobrimos lugares como Superagui, Guaraqueçaba, entre outros, que nos fizeram ficar com mais vontade de conhecer mais esse estado incrível. Ele nos contou também que a luz elétrica na ilha chegou em 1998, com uma obra que fez passar os cabos por debaixo do mar e hoje toda a ilha recebe energia dessa maneira.
Enquanto estávamos lá, um grupo de crianças jogava bola em frente ao restaurante e, lá pelas tantas, vieram nos pedir:
-Tio… quer dizer, senhor… nossa bola caiu ali (e apontaram pra uma cerca), só que o cachorro morde. Pode pegar a bola pra gente?
A bola estava próxima da cerca, mas ainda na rua. Achei que era bobagem eles terem medo e fui até lá cheia de coragem, bravamente chutando a bola pra eles, quando um cachorro raivoso veio em minha direção, quase pulando a cerca. Eu (e as crianças) saímos correndo e só me lembro de ver o Thi rindo da minha bravura/correria. O cachorro, ainda bem, não conseguiu pular a cerca. Foi  assustador e divertido, ao mesmo tempo.
Fiquei encantada com a infância doce que aquelas crianças conseguem viver. E me encantei também com o respeito que tiveram conosco, chamando o Thi de senhor.

Voltamos pra pousada e já estávamos nos preparando pra novamente dormir, quando um grupo chegou fazendo uma bagunça. Eram dois casais de Curitiba, já acostumados com a ilha, que queriam diversão. Começaram a tocar violão e foi um misto de desejo e raiva: queríamos nos juntar a eles, pois a música estava boa, mas o cansaço nos deixava sem ânimo. Optamos por pedir que eles diminuíssem o volume da cantoria e conseguimos dormir tranquilos.

No dia seguinte, acordamos cedo e a decepção: chovia. E muito. Tomamos café tentando manter a esperança de que logo pararia, mas que nada. Logo nossos companheiros de quarto também acordaram e descobrimos que eles, na verdade, não eram curitibanos. Moravam em Curitiba, mas cada um era de um lugar: dois do interior de São Paulo, um do Rio Grande do Norte e uma do Rio Grande do Sul. Eram muito gente finas e, diante da impossibilidade de sair da pousada, começamos a conversar e fazer um som juntos. Eles já pediram umas cervejas, mas nós (que ainda mantínhamos acesa a esperança de passear na ilha) achamos que não era prudente. Já deu pra sentir a sintonia entre todos e logo  nos entendemos. Foi uma agradável surpresa encontrar essa turma.

Caminhando pela Ilha do Mel

Aos pouquinhos, a chuva diminuiu e lá pelas 11h decidimos que era a hora de encararmos a trilha. Decidimos ir pra Fortaleza, já que o adiantar das horas nos impedia de fazer a trilha mais longa pras Encantadas.
Seguimos pelo mesmo caminho da véspera e fomos pela praia, deixando o Farol das Conchas cada vez mais pra trás e encarando uma garoa que ora era mais fina, ora engrossava mais.

Ilha do Mel no Paraná.
Deixando o Farol pra trás, ainda com uma garoa fina

O marido da Chris, pescador experiente, havia nos falado que naquele dia, choveria de manhã e à tarde o tempo melhoraria. Não deu outra. Conforme caminhávamos, o tempo melhorava aos poucos. Quando voltamos, ainda estava nublado, mas não tinha mais nuvens carregadas no céu.

Ilha do Mel no Paraná.
Rumo à Fortaleza

A nossa trilha, na verdade, foi pela praia mesmo. Há uma trilha oficial pelo meio do istmo, mas achamos que beirando o mar seria mais agradável o passeio. E, além do mais, sabíamos que a maré estaria baixa, o que não atrapalharia nossos planos.
No meio do caminho, um cachorro nos encontrou e, como sempre acontece em nossas viagens, foi nos acompanhando por um longo tempo. Ele corria atrás dos pássaros que pescavam próximos à areia, depois voltava a nos acompanhar. Uma graça.

Ilha do Mel no Paraná.
Nosso novo cão-guia
Ilha do Mel no Paraná.
No caminho

A parte mais complicada da trilha, na maré alta, tem avançado muito em direção à terra, destruindo até mesmo algumas casas ribeirinhas. Passamos sem dificuldades por ali (pois era época de maré baixa), mas conseguimos ver o rastro de destruição que o mar tem deixado. Cheguei a ler (mas não sei se é verdade) que a tendência é que o mar avance cada vez mais pelo istmo e que a ilha seja dividia em duas. Será mesmo?

Ilha do Mel no Paraná.
Casa sob risco, pelo avanço do mar

Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres

Depois de pouco menos de uma hora de caminhada, finalmente, chegamos a Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres.

Fortaleza na Ilha do Mel no Paraná.
Chegando à Fortaleza

A suntuosa fortificação da Ilha do Mel foi construída no século XVIII, estrategicamente escolhida para proteger o porto de Paranaguá, local de embarque de ouro, madeira e erva-mate. Foi bastante ativa contra corsários espanhóis e mesmo contra forças farroupilhas, na Guerra dos Farrapos. Em 1938 foi declarada Patrimônio Histórico Nacional e mesmo após isso foi utilizada no período da segunda guerra mundial (1939-1945) como local de aquartelamento de duzentos soldados. Sua desativação se deu apenas na década de 80, quando passou aos cuidados do Estado e foi, então, criado um museu para preservar a memória da ilha.

Fortaleza na Ilha do Mel no Paraná.
Dentro da Fortaleza
Ilha do Mel no Paraná.
Pequeno farol em frente à Fortaleza

Passeamos pelos canhões antigos e aproveitamos bastante o lindo visual do lugar. No museu, conhecemos o Fabio, um rapaz simpático que trabalha no forte e tem toda paciência de explicar vários detalhes da ilha. Ele se encantou com a camiseta do Thi, de um time maranhense da série C chamado Sampaio Corrêa (e que, por coincidência, jogou nesse dia, vencendo o campeonato e agora subirá pra série B para delírio da vasta torcida).

Fortaleza na Ilha do Mel no Paraná.
Thiago representando o Sampaio Corrêa na Ilha do Mel
Fortaleza na Ilha do Mel no Paraná.
Saída para a praia
Fortaleza da Ilha do Mel no Paraná.
Entrada pela praia

Depois da prosa com o Fabio, resolvemos subir o Morro da Baleia, que fica logo em cima da Fortaleza. Uma subidinha rápida, mas íngreme. E bem bonita.

Morro da Baleia na Ilha do Mel no Paraná.
Subindo o Morro da Baleia

No alto do morro, há outra bateria de canhões com algumas ruínas da antiga fortificação.

Ruínas no Morro da BAleia na Ilha do Mel no Paraná.
Ruína no Morro da Baleia

De lá, tivemos também uma estupenda vista para a baía de paranaguá e a ilha de superagui.

Vista do Morro da Baleia, na Ilha do Mel no Paraná.
Vista do Morro da Baleia com a ilha de superagui, ao fundo

Descemos o morro e fomos almoçar num restaurante ao lado da Fortaleza. Um lanche bem gostosinho e a melhor surpresa foi ir ao banheiro e encontrar um pequeno sirizinho na cortina. Coisas que só acontecem nesses lugares.

A volta pra Nova Brasília foi tranquila e fomos curtindo a praia e o visual com o tempo um pouquinho melhor. O pescador estava certo: a chuva era só de manhã mesmo.

Ilha do Mel no Paraná.
9 pontas
Ilha do Mel no Paraná.
Voltando pra Nova Brasília
Nova Brasília na Ilha do Mel no Paraná.
No trapiche de Nova Brasília

Farol das Conchas

Pouco depois das 16h, estávamos de volta. Descansamos um pouco e resolvemos aproveitar o horário de verão e a melhora do tempo para passear um pouco mais. Seguimos rumo ao Farol das Conchas, que ficava a meia hora de caminhada da pousada.

O Farol foi erguido ainda no século XIX por ordem de D. Pedro II e fica no alto do Morro das Conchas, sendo facilmente visualizado em diversos pontos da ilha. Para chegar até ele a partir de Nova Brasília precisamos encarar uma escadaria que nos leva ao pico do morro, onde temos um visual incrível de toda Ilha do Mel. É de tirar o fôlego.

Mirante do Farol na Ilha do Mel no Paraná.
Praia de Fora e, ao fundo, Praia do Miguel
Praia de Dentro da Ilha do Mel no Paraná.
Praia de Dentro
Caminho para o farol das conchas da Ilha do Mel no Paraná.
Caminho para o farol
Morro da Baleia visto do Farol das Conchas da Ilha do Mel no Paraná.
Morro da baleia visto do Farol
Farol das Conchas da Ilha do Mel no Paraná.
Chegando no Farol
Farol das Conchas da Ilha do Mel no Paraná.
Ao redor do Farol

Na volta, descansamos um pouco e fomos jantar na Pousadinha, que é restaurante e pousada (onde aliás, nós iríamos nos hospedar, mas esquecemos de pagar a reserva e perdemos a vaga). A comida era deliciosa. Foi, sem dúvida, nossa melhor refeição na ilha. E o melhor: barato. Comemos um peixinho delicioso com uma caipirinha caprichada e saímos felizes.

Voltamos pra pousada e achamos que iríamos descansar, mas nossos amigos de Curitiba estavam animados e ainda tinham ganhado o reforço de mais um casal de hóspedes vindos de Santa Catarina. O resultado foi música e cerveja até duas da manhã. Sem parar de tocar.

Mais trilha na Ilha do Mel

Acordamos com uma boa dose de ressaca, mas a vontade de passear era maior que a moleza no corpo. Ainda mais que o dia estava lindo e até podíamos ver o céu azul por entre as nuvens. Tomamos um café reforçado e partimos em seguida pra não deixar a preguiça bater.
Seria possível ir de barco até Encantadas, mas nós queríamos ir à pé pra conhecer mais da ilha e ver como era a trilha, que todos diziam ser difícil, devido a um trecho que precisamos atravessar pedras bem rentes ao mar e que na maré alta não é possível passar.
Começamos a caminhada indo na mesma direção do farol, mas em certo momento há uma indicação para que mantenhamos a direita.
Logo passamos pelo tal resort onde o povo faz os casamentos e percebemos que o público ali era do tipodiferenciado. Provavelmente, a burguesia curitibana no máximo de sua vida selvagem.
Seguimos pela praia de fora, que havíamos visto do alto na véspera. Essa praia é mais forte que a da Fortaleza e parece até que alguns surfistas ensaiam algumas manobras. Devido ao resort, a praia estava cheia de gente tomando Sol.
Praia de Fora na Ilha do Mel no Paraná.
Praia de Fora
Praia de Fora na Ilha do Mel no Paraná.
Praia de Fora
 E logo chegamos no tal trecho de pedras. Daí veio a dúvida: a maré está alta, ou baixa a essa hora?
Procuramos algum pescador que pudesse nos informar e não achamos ninguém. O Thiago perguntou pra uma nativa e ela disse que estava alta e nos ofereceu uma voadeira pra chegar nas Encantadas. Ficamos desconfiados e resolvemos tentar ver se alguém estava passando por lá e logo encontramos pessoas que vinham no sentido oposto. Perguntamos se estava tranquilo passar e eles disseram que sim e que só num trecho estava mais complicado, porque apenas havia uma fenda como passagem, mas a maré não chegava a obstruir a travessia.
Decidimos seguir.
Ilha do Mel no Paraná.
No começo do trecho de pedras

Esse, sem dúvida, foi o trecho mais tenso da trilha. Na verdade, o único. Praticamente, tivemos que escalar as pedras, porque a maré, de fato, estava subindo e nós precisamos passar na parte mais difícil, pois as partes mais planas estavam já dentro da água. Acabei não tirando muitas fotos dessa travessia, pois toda hora eu precisava caminhar de quatro por entre as pedras e não era seguro ficar segurando a câmera. Achei melhor guardá-la até retornarmos pra terra firme.

Praia do Miguel na Ilha do Mel no Paraná.
Já no meio das pedras, com a praia do Miguel à frente
No trecho final, não teve jeito: tivemos que tirar o calçado e ir pela água, mas já era praia e dava pra andar tranquilo. Finalmente, chegamos na Praia do Miguel, praticamente deserta, não fosse pelos aventureiros que também faziam a trilha. Nessa praia, não há nenhuma estrutura, nem de barracas, nem pousadas e nem casas de nativos. O único resquício de vida humana que vimos ali foi uma canoa abandonada.
Praia do Miguel na Ilha do Mel no Paraná.
Praia do Miguel
Esse trecho é bem curto e logo chegamos ao Morro do Sabão, que precisamos atravessar pra chegar ao nosso destino. O nome do morro faz jus ao lugar: é escorregadio, pois tem um piso de terra liso. Ficamos felizes por não estar chovendo, o que favoreceu nossa subida. Lá de cima, temos uma vista linda da praia do Miguel e conseguimos vislumbrar até mesmo o Farol.
Praia do MIguel na Ilha do Mel no Paraná.
Praia do Miguel visto do Morro do Sabão. Ao fundo, o Farol das Conchas
Do outro lado do Morro do Sabão, já é a Praia de Fora das Encantadas e até nos surpreendemos como foi rápido chegar até ali.
Morro do Sabão na Ilha do Mel no Paraná.
Atravessando o Morro do Sabão
Encantadas na Ilha do Mel no Paraná.
Chegando nas Encantadas

Resolvemos dar uma paradinha pra um banho de mar, já que nossa missão estava praticamente cumprida. O Sol estava gostoso e conseguimos curtir, pela primeira vez na ilha, uma prainha tranquilamente.

Gruta das Encantadas e sua praia

Já relaxados e descansados, seguimos a procura da famosa Gruta das Encantadas, ponto turístico da ilha e que dá nome a essa parte da ínsula. Tivemos que caminhar por toda a praia de fora, que é bem grande e logo começamos a passar por banhistas, o que nos deu esperanças de que estávamos próximos. Pedimos informação a uma moça e ela, com um português carregado de um sotaque italiano, nos indicou o caminho pra gruta.
Sem dificuldades, encontramos o lugar, que é legal, mas nada especial em termos de beleza natural. Pra piorar, estava lotado de gente querendo tirar foto e gritando dentro da gruta.

Depois de uma longa noite de sono, acordamos cedo, tomamos café e já partimos pra pegar a primeira balsa para Pontal do Sul. Chegamos no trapiche cedo e ainda embarcamos com os restos da festa de casamento que acontecera na ilha e com os próprios noivos. Além de um casal de cachorrinhos, que tomariam vacina na cidade grande. Um clima único.A gruta tem esse nome por ser considerada encantada, pois conta-se que ali viviam lindas mulheres, que cantavam e dançavam nuas, sempre ao amanhecer, quando os pescadores saíam para a labuta diária. O coitado que ouvia a cantoria acabava enfeitiçado e morto, jogado em direção aos pedregulhos da região. Certa feita, uma das mulheres apaixonou-se por um pescador, que ofereceu-se à morte para ficar com sua amada. Após isso, nunca mais as encantadas foram vistas e hoje a gruta é solitária, recebendo apenas a visita de turistas curiosos.

Gruta das Encantadas na Ilha do Mel no Paraná.
Meu encantado na gruta

Confesso que a quantidade de gente na gruta não me deixou nada encantada e quis logo sair dali. Acho que eu preferia ter conhecido o lugar, quando ainda era habitado pelas tais mulheres encantadas.

Saímos de lá e já estávamos na comunidade local. Ficou evidente que ali tem bem mais agito, que em Nova Brasília. Muito mais pousadas, turistas e sujeira. Fiquei feliz de termos escolhido nos hospedarmos do outro lado da ilha, pois não curti o clima das Encantadas.
Chegamos até o trapiche, onde também é a praia principal da região, com mar tranquilo e sujo. Sim, bem sujo. Boa parte pela proximidade com o porto de Paranaguá (que conseguimos avistar logo em frente à ilha) e parte por termos observado várias línguas negras dos esgotos da região. Aliás, ali vimos esgoto à céu aberto, coisa que não reparei em Nova Brasília.

Caminhamos pela areia a procura de um lugar para almoçar e encontramos nossos amigos catarinenses, que haviam ido de barco pra lá. Acabamos almoçando todos juntos, num restaurante bem agradável com feijão delicioso.

Praia das Encantadas na Ilha do Mel no Paraná.
Praia das Encantadas

Depois do almoço, já garantimos nosso lugar no barquinho de volta, pois o tempo parecia estar mudando novamente e não queríamos arriscar de passar no Morro do Sabão e nas pedras embaixo de chuva.

Resolvemos voltar pro trapiche e ficamos esperando por lá mesmo.

Trapiche das Encantadas na Ilha do Mel no Paraná.
Trapiche das Encantadas

Foi na espera pelo barco que algo bizarro aconteceu. Estávamos sentados em frente ao trapiche e, de repente, nos deparamos com uma lagarta voadora. Mas lagarta voa? Nós achávamos que não, mas essa voava e de um jeito muito esquisito: fazia zigue-zagues, subia, descia. Muito estranho. Num determinado momento, ela se enroscou na perna do Thiago e depois disso parou de voar. Nossa teoria (aliás, da moça que estava do nosso lado venda aquela bizarrice) é de que ela estava presa a uma teia de aranha, que a levava, quando o vento batia. Certo, ou errado, nós gravamos a cena pra provar que não estávamos loucos e que, sim, vimos uma lagarta voar antes de virar borboleta.

Já era hora do nosso barco e seguimos de volta à Nova Brasília, curtindo o visual da ilha. Dessa vez, sem fazer nenhum esforço.

Ilha do Mel no Paraná.
Estacionamento de pássaros, na chegada à Nova Brasília
Ilha do Mel no Paraná.
Não foi só Jesus que caminhou sobre as águas

Chegamos cedo e tiramos uma soneca antes de nos despedirmos dos nossos novos amigos, que já voltariam para Curitiba naquele dia mesmo. Nós ainda teríamos até o dia seguinte pra curtir a tranquilidade da ilha.

Jantamos numa pizzaria bem gostosa, do lado da pousada e dormimos cedo, afinal no dia seguinte encararíamos o dia todo de viagem pra voltar pra casa.

A despedida da Ilha do Mel

Fomos embora da ilha com imensa vontade de voltar em breve. Fiquei muito à vontade naquele lugar e me sentir imensamente bem lá. Tenho certeza de que essa não foi nossa última estadia aqui.”

Artigo retirado do seguinte link, no blog Nativos do Mundo: http://www.nativosdomundo.com.br/2013/11/ilhadomel.html

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